quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Ligação entre o Mal de Parkinson e pesticidas é oficialmente reconhecida na França

Mais uma para a lista da Monsanto: Mal de Parkinson!
A França reconhece a relação dos agrotóxicos da Monsanto com o Mal de Parkinson em agricultores!
O estabelecimento do nexo de causalidade entre a doença – segunda maior doença neurodegenerativa na França depois do Alzheimer – e a utilização destes agrotóxicos trouxe a inclusão da doença de Parkinson na lista de doenças ocupacionais e gera o direito à indenização para os doentes.
Para Yves Cosset, médico do trabalho e assistente nacional de saúde da Mutual de Sallud de los Agricultores (MSA), as listas de doenças ocupacionais na agricultura estão evoluindo com o conhecimento da ciência:
"A maioria das doenças relacionadas aos agrotóxicos vai ocorrer em intervalos diferentes: 10, 20, 30 anos após o início da utilização. Na medicina do trabalho começou a falar do amianto na década de 1960 e este produto só foi mencionado nessas listas de 1998 sobre o câncer. Portanto, não se deve excluir a possibilidade de que outras doenças possam surgir e só serem reconhecidas no futuro”.
Em caso de dúvida, o mais sensato é evitar, certo?
Por um mundo mais consciente, inteligente e responsável

 
É um passo adiante no reconhecimento das doenças ocupacionais dos agricultores. Na segunda-feira, 07 de maio, entrou em vigor um decreto que reconhece o Mal de Parkinson como doença ocupacional e estabelece explicitamente um nexo de causalidade entre a doença – segunda maior doença neurodegenerativa na França depois do Alzheimer – e a utilização de pesticidas.
A reportagem é de Angela Bolis e está publicada no jornal francês Le Monde, 09-05-2012. A tradução é do Cepat.
Um passo a mais porque nessa área, em reinava até agora a lei do silêncio, a tomada de consciência dos efeitos dos produtos fitossanitários sobre a saúde dos agricultores apenas está começando a emergir. E a dar os seus frutos. Em fevereiro, a vitória de um produtor de grãos, Paul François, que havia movido um processo contra a gigante norte-americana Monsanto, abriu um precedente na França. A empresa foi julgada responsável pela intoxicação do produtor através da inalação quando estava limpando o tanque de seu pulverizador de herbicidas, o Lasso – retirado do mercado em 2007, na França. Os riscos do uso deste herbicida já eram conhecidos há mais de 20 anos.
Alguns dias mais tarde, já eram dezenas de produtores a se manifestar no Salão da Agricultura, em frente à estante da União das Indústrias da Proteção das Plantas (UIPP). Suas reivindicações: a classificação de doenças relacionadas ao uso de pesticidas em doenças ocupacionais e a retirada de produtos perigosos.
No dia 30 de abril, foi outra decisão, aquela da Comissão de Indenização das Vítimas de Infração (Civi) de Epinal, que veio trazer água para o moinho: naquele dia, o Estado foi condenado a indenizar um produtor de grãos de Meurthe-et-Moselle que sofre de uma síndrome mieloproliferativa. Inicialmente reconhecida como doença profissional, a patologia foi então associada pela Civi ao uso de produtos que continham especialmente benzeno.
Um decreto “ansiosamente aguardado”
Nesta paisagem que lentamente começa a evoluir, o decreto sobre o reconhecimento do Mal de Parkinson foi, portanto, “ansiosamente aguardado”, observa Guillaume Petit. O agricultor pertence à Associação de Fitovítimas, criada em março de 2011, e com a qual Paul François foi um dos primeiros a quebrar o silêncio, atacando a Monsanto. Ele esperou quatro anos para ter sua doença reconhecida como doença ocupacional. “Quantos veem seu pedido negado? Quantos inclusive chegam a abandoná-lo devido às dificuldades?”, perguntou após a criação desta Associação.
A inclusão do Mal de Parkinson nas listas de doenças ocupacionais do sistema agrícola facilitará, portanto, os esforços para os agricultores em quem esta doença será diagnosticada em menos de um ano após a utilização dos pesticidas - o texto não especifica quais. “É um reconhecimento oficial que já é importante em termos simbólicos”, observa Guillaume Petit. “Mas também é um caminho para o agricultor ser apoiado financeiramente, no caso de incapacidade de continuar trabalhando”.
Em 10 anos, cinco doenças ligadas aos pesticidas são reconhecidas
Até agora, de acordo com Yves Cosset, médico do trabalho e assistente nacional de saúde do Mutual de Saúde dos Agricultores (MSA), apenas 20 casos do Mal de Parkinson foram relatados aos comitês de reconhecimento de doenças ocupacionais em uma década. Dez foram aceitos e outros 10 rejeitados. No mesmo período, apenas quatro ou cinco casos da doença foram oficialmente reconhecidos como causados por pesticidas.
No total, são 4.900 doenças que são reconhecidas a cada ano como doenças profissionais entre os agricultores. Mais de 90% são TMS (distúrbios osteomusculares); os demais casos estão relacionados principalmente aos animais e ao pó de madeira ou amianto, de acordo com Yves Cosset.
Nas listas de doenças ocupacionais do sistema agrícola, há, por exemplo, a doença de Lyme – causada por carrapatos –, tétano ou hepatite. Mas também algumas doenças relacionadas aos produtos fitossanitários. É particularmente citado, desde 1955, o arsênico, responsável por vasta gama de doenças – irritação, intoxicação ou câncer. Ou ainda o benzeno, classificado como cancerígeno, e o pentaclorofenol (PCP), proibido como pesticida desde 2003.
Mas, lembra Yves Cosset, “estas listas estão evoluindo com o conhecimento da ciência. No entanto, a maioria das doenças relacionadas aos pesticidas vai ocorrer em intervalos diferentes, dez, vinte, até trinta anos após o início da sua utilização. Na medicina do trabalho, começou-se a falar do amianto na década de 1960 e este produto só foi mencionado nestas listas em 1998 para os cânceres. Por conseguinte, não é de excluir que outras doenças possam surgir e sejam reconhecidas em anos futuros...”.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

O que é pecuária orgânica?



Afim de esclarecer algumas dúvidas,  elaboramos um pequeno resumo sobre o que é a Pecuária Orgânica. Rápido e direto. Confira:
Princípios
A Pecuária Orgânica é baseada em um tripé que envolve a não contaminação da água, a produção ambientalmente correta e a atividade socialmente justa.
Não confunda Boi Orgânico com Boi Verde. 
Boi Orgânico: está inserido em um sistema agroecológico. Sua produção não utiliza agrotóxicos, adubação química, utilização rotineira de antibióticos e práticas danosas ao meio ambiente, tais como: queimadas e desmatamentos.  Além disso, o boi orgânico deve ser certificado.
Boi Verde: é a denominação para animais explorados a pasto, mas sem restrição quanto ao uso de tecnologias geradoras de resíduos poluentes.
Integração
Pecuária Orgânica exige uma visão holística, integradora. Recursos naturais, animal e homem devem conviver de forma harmoniosa e saudável.  Entre as práticas estão: rotação de cultura, adubação verde, controle biológico de pragas e integração pecuária-floresta-agricultura.
Bem-estar animal
Garantir qualidade de vida ao animal, por meio de uma alimentação saudável, espaço físico adequado, fácil acesso à água, e prevenção de doenças, é uma das diretrizes da pecuária orgânica.
Certificação
Para ser orgânico, deve-se cumprir as normas do MAPA, estabelecidas na IN-46, de 06/10/2011, Regulamento Técnico para os Sistemas Orgânicos de Produção Animal e Vegetal.
Tempo de Conversão:
6 meses a 4 anos. Depende do histórico de exploração convencional.
Para conferir o artigo completo, publicado na Animal Business, da SNA, clique AQUI

Uma mudança possível

Apenas 0,8% da produção agrícola no Brasil é orgânica. Ainda é um número muito baixo, mas que tem aumentado. O crescimento desse tipo de cultivo tem atingido a marca de 20% ao ano.

“É possível. Existem muitas experiências e temos que mostrá-las”, ressalta Kátia Karam, representante do Slow Food do Cerrado. “A principal razão de ser do documentário ‘Brasil Orgânico’ é contar as histórias dessas pessoas que fazem esse tipo de trabalho. Sabendo da força do agronegócio, queríamos reforçar o valor desses produtores”, explica Licia Brancher, diretora do filme ao lado de Kátia Kloch, lançado este ano e exibido na segunda noite do Slow Filme.

O documentário mostra histórias de sucesso de cultivo orgânico nos diferentes biomas do Brasil. E o processo de retorno à cultura orgânica é associada a dois fatores sociais: uma revalorização profissional do agricultor, que atrai os jovens de volta ao campo e, ao mesmo tempo, fortalece a agricultura familiar.

“Eu trabalhei 17 com agricultura convencional, até que percebi que estava perdendo a saúde e dinheiro”, conta Juarez Pereira, um dos entrevistados do filme.

Outro ponto bastante reiterado ao longo do festival é que comer orgânico é uma opção por um estilo de vida. “É também uma escolha do consumidor, de comer as frutas e legumes na época que elas dão no Brasil. Não faz muito sentido comer uma manga que venha da Ásia, faz?”, alerta Pedro Paulo Diniz, o único grande produtor de orgânico mostrado.

Diferença que se sente no sabor
E não faz sentido mesmo. Na manhã deste sábado nós fomos à chácara Mar e Guerra, conhecer o trabalho desenvolvido pelo seu Geraldo Veiga. Já chegamos nos encantando: uma mesa repleta de frutas frescas do lugar nos aguardava. Pude experimentar o famoso cajuzinho do cerrado – uma versão mini da fruta, de sabor e doçura concentrados -, jambo e tamarindo doce, frutas típicas da daqui que eu ainda não havia conhecido. 
 
Pude ainda voltar à infância e degustar jatobá, outro fruto típico do cerrado que era um dos meus prediletos quando pequena, mas que é muito difícil de encontrar nas cidades, e as primeiras jabuticabas que começavam a amadurecer em um pé carregado.
 
Seu Geraldo nos mostrou todo o seu sistema de cultura, das mudas à compostagem, passando pela lavoura, pela horta e pela criação de galinhas e porcos. Chamou atenção o sistema desenvolvido para absorver a “água cinza” da casa (a do chuveiro e das pias): um círculo de  bananeiras que é regado constantemente. “Aqui em casa somos cinco pessoas e recebemos muita gente e sempre foi suficiente, as bananeiras nunca ficaram encharcadas”, garantiu seu Geraldo.
 
O resultado de todo esse cuidado pudemos sentir no almoço oferecido por ele e sua família: saladas frescas e saborosas, arroz com frango, arroz e feijão, escondidinho de brócolis e os dois destaques, a moqueca de caju e uma deliciosa quiche verde. Para acompanhar, sucos de caju e tamarindo. Estava tudo tão gostoso que a blogueira aqui esqueceu de tirar foto!


No fim das contas, só podemos chegar à conclusão de que orgânico é realmente bem trabalhoso, mas é também muito mais natural. “A gente reproduz o que a natureza faz”, disse seu Geraldo explicando sobre compostagem. E assim as coisas funcionam de forma harmônica. O resultado vale muito à pena.
 
 

http://www.viagemgastronomica.org/2013/09/uma-mudanca-possivel_15.html

brasileiro é contra agrotóxicos e a favor de pequeno produtor, diz pesquisa

Do UOL,    em   São Paulo   
Para 79% dos brasileiros entrevistados numa pesquisa, hoje a produção agrícola é conduzida de forma irresponsável. O estudo foi apresentado pela Syngenta, multinacional da área de químicos e plantas geneticamente modificadas.
A pesquisa, que ouviu 500 brasileiros, teve como foco um público com ensino superior, alta renda e bom acompanhamento da mídia, e foi realizada no Brasil e em mais 12 países.
De acordo com o estudo, 24% dos brasileiros apoiam o uso de tecnologias como pesticidas, fertilizantes e transgênicos.
Os defensivos agrícolas ou agrotóxicos são vistos com desconfiança por 83% dos entrevistados no Brasil, que acham que eles deveriam ser menos utilizados. De todos os países pesquisados, apenas a França tem uma taxa maior, de 88%.
O uso de transgênicos é mais polêmico; no Brasil, 43% acham que eles deveriam ser menos utilizados, enquanto 38% acham que seu uso deveria aumentar.
Apesar da rejeição a esses produtos, 78% dos entrevistados no Brasil afirmaram ser favoráveis ao uso de tecnologias para "ir ao encontro da crescente demanda por alimentos mundialmente", informou a pesquisa da Syngenta.

Entrevistados apostam em grandes produtores para alimentar a população

A maior parte dos entrevistados, 84%, acredita que deve ser dada prioridade às práticas agrícolas locais e orgânicas. Em tese, elas usam menos agrotóxicos, mais mão de obra, propriedades menores e gastam menos combustível com transporte, já que estão mais perto dos consumidores.
Para 93% dos entrevistados, mais hortas comunitárias deveriam ser utilizadas, enquanto para 91%, deveria haver crescimento da agricultura orgânica. Ao mesmo tempo, mais mão de obra também deveria ser utilizada para 81% dos entrevistados. Nos três quesitos, o Brasil tem a maior taxa de todos os países pesquisados.
Apesar disso, 37% dos entrevistados apontaram os grandes agricultores como aqueles com o maior potencial para atender às "demandas de produção de uma população mundial crescente". Com isso, eles ficariam bem à frente dos pequenos produtores (16%), das hortas comunitárias (9%), dos produtores orgânicos (6%) e do cidadão individual (6%).
Em segundo lugar entre os mais aptos para "alimentar o mundo" estaria, segundo os brasileiros, o governo, apontado por 26% dos entrevistados. Para 71%, eles seriam os grandes responsáveis pela segurança alimentar do mundo, seguidos pelos produtores (10%) e pelas empresas (7%).

Brasileiros são contrários à derrubada de florestas para aumentar o plantio

A maior parte dos entrevistados, 77%, não está disposta a abrir novas áreas naturais para produzir mais alimentos. Ao invés disso, mais terras cultiváveis deveriam ser utilizadas, afirmaram 76%.
O Brasil foi um dos países onde mais os entrevistados demonstraram preocupação com o meio ambiente no mundo; 30% dos entrevistados nacionais elegeram a proteção do meio ambiente como a maior preocupação global. Um destaque parecido foi dado pela China (44%), Índia (37%) e Rússia (36%).
A maioria dos países pesquisados deu mais destaque para as mudanças climáticas. Essa foi a principal preocupação de 26% dos americanos, 23% dos argentinos e 30% dos alemães, por exemplo.

CURSO DE INTRODUÇÃO A AGRICULTURA BIODINÂMICA Visconde de Mauá / RJ


CURSO DE INTRODUÇÃO A AGRICULTURA BIODINÂMICA

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Módulo 1 - 21/out: (Forças Cósmicas e Terrestres)

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Módulo 4 - 05/nov: (Composto Biodinâmico)

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Um curso que visa complementar as atividades práticas da Agricultura Orgânica, com base nos fundamentos da Agricultura Biodinâmica. Trazendo técnicas e conhecimentos que propiciam o equilíbrio geral do Organismo Agrícola.
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tirado de https://www.facebook.com/photo.php?fbid=541357172611751&set=a.101518169928989.2900.100002124187007&type=1&theater

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Inimiga nº1 dos transgênicos, física indiana denuncia ditadura da indústria alimentícia

TATIANE RIBEIRO
ENVIADA ESPECIAL A BOTUCATU
TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO

http://www1.folha.uol.com.br/empreendedorsocial/2013/08/1331170-inimiga-n1-dos-transgenicos-fisica-indiana-denuncia-ditadura-da-industria-alimenticia.shtml

Considerada a inimiga número um da indústria de transgênicos, a física e ativista indiana Vandana Shiva 


(by Fabio Braga-29.mai.2012/Folhapress)
 afirma que há uma ditadura do alimento, onde poucas e grandes corporações controlam toda a cadeia produtiva. E dá nome aos bois: Nestlé, Cargil, Monsanto, Pepsico e Walmart.
"Essas empresas querem se apropriar da alimentação humana e da evolução das sementes, que são um patrimônio da humanidade e resultado de milhões de anos de evolução das espécies", diz.
Crítica feroz à biopirataria, Shiva ressalta que a única maneira de combater o controle sobre a alimentação é o ativismo individual na hora de consumir produtos mais saudáveis e de melhor qualidade.
Leia os principais trechos da exclusiva à Folha durante o 3º Encontro Internacional de Agroecologia, em Botucatu.
É possível alimentar o planeta sem usar transgênicos?
O único modo de alimentar o mundo é livrando-se das sementes transgênicas. Essas sementes não produzem alimentos, mas produtos industrializados. Como isso poderia ser a solução para fome? Só estão criando mais controle sobre as sementes. Desde 1995, quando as corporações obtiveram o direito de controlar as sementes, 284 mil fazendeiros cometeram suicídio na Índia. Nós perdemos 15 milhões de agricultores por causa de um design de produção agrária criado para acabar com a agricultura familiar.
Como mudar a alimentação do modelo agroindustrial para outro baseado na produção familiar e na distribuição local?
As pequenas fazendas produzem 80% dos alimentos comidos no mundo. As indústrias produzem commodities. Apenas 10% dos grãos de milho e soja são comidos por pessoas; o resto é 'comido' pelos carros, como biocombustíveis, e por animais. É possível elevar esses 80% para 100% protegendo a biodiversidade, a terra, os fazendeiros e a saúde pública. É apenas por meio da agroecologia que a produtividade agrícola pode aumentar.
Como as grandes corporações dominam a cadeia mundial de alimentos?
Se você olha para as quatro faces que determinam nossa comida, são todas controladas por grandes corporações. As sementes são controladas pela Monsanto por meio dos transgênicos; o comércio internacional é controlado por cinco empresas gigantes; o processamento é controlado por outras cinco, como a Nestlé e a PepsiCo; e o varejo está nas mãos de gigantes como o Walmart, que gosta de tirar o varejo dos pequenos comércios comunitários e com conexões muito diretas entre os produtores de comida e os consumidores. São correntes longas e invisíveis, onde 50% dos alimentos são perdidos.
Temos sim uma ditadura do alimento. A razão que eu viajei todo esse caminho até o Brasil é porque eu sou totalmente a favor da liberdade alimentícia, porque uma ditadura do alimento não é só uma ditadura. É o fim da vida.
Como as corporações chegaram a esse domínio?
Infelizmente, o chamado livre comércio trouxe a liberdade para as corporações, mas não para as pessoas. As corporações estão escrevendo as regras e se tornando os governantes.
Os direitos intelectuais acordados entre as organizações mundiais foram escritos pela Monsanto. Para eles, o problema era que os fazendeiros estavam guardando as sementes. E a solução que ofereceram foi dizer que guardar as sementes agora é um crime de propriedade intelectual. É isso o que dizem as regras da OMC. A Índia, o Brasil, a América Latina e a África deveriam dizer: 'Você não pode patentear a vida porque a vida não foi inventada. Pare com a biopirataria'.
Até agora, a revisão dessas regras não foi permitida, o que mostra que essas corporações ditam as regras. E não é apenas na OMC. A Monsanto escreveu o ato de proteção para o orçamento nos EUA. O vice-presidente da Cargill foi designado para escrever a lei de comércio e agricultura dos EUA. 
É possível modificar esse cenário?
A única maneira de reverter essa situação é cada pessoa fazer seu papel de recuperar a liberdade e a democracia do alimento. Afinal, cada um de nós come duas ou três vezes ao dia. E o que nós comemos decide quem somos, se nosso cérebro está funcionando corretamente, ou nosso metabolismo está saudável ou, se por conta de micronutrientes, estamos nos tornando obesos. Isso afeta todo mundo: os mais pobres porque lhes foi negado o direito à comida; mas até os que podem comer porque não estão comendo comida. Chamo isso de anticomida, porque a comida deveria nos nutrir. A comida mortal que as corporações estão trazendo para nós destrói a capacidade da comida de nos nutrir e no lugar disso está nos causando doenças.
Cada um de nós deve se tornar um forte ativista da liberdade da comida e das sementes no nosso dia a dia. O que significa que temos que apoiar mais os fazendeiros e a agroecologia. Devemos ser comprometidos com a alimentação saudável.
Qual a importância do Brasil nesse jogo?
O Brasil tem um papel muito importante. De um lado, está uma agricultura altamente destrutiva e irresponsável, mantida pelas corporações, levando transgênicos, produtos químicos e piorando a fome. Do outro lado, está o modelo agroecológico, caracterizado pela diversidade, conhecimento popular, o melhor da ciência, e levando efetivamente comida às pessoas. Essa disputa está ocorrendo justamente aqui, no Brasil.
Provavelmente, o Brasil tem a maior proporção de diversidade de alimentos em sua agricultura. No entanto, a maior parte não é usada para a alimentação humana. Por exemplo, as plantações de cana-de-açúcar e soja vão para a alimentação de animais e para fabricação de combustíveis.
O Brasil é parte do que eles chamam de Brics. Eu não gosto de 'tijolos'. Eu prefiro plantas. Mas é um forte jogador na cena global, e os jogadores vão decidir como os outros jogam.
Qual o papel da sociedade urbana em relação à agricultura familiar?
É muito feliz. Não porque eu acredito que as áreas urbanas têm mais riqueza e mais poder, mas porque, por terem mais riqueza, têm mais responsabilidade. E porque eles controlam a tomada de decisões, tanto em termos de governamentais como a sua própria atitude em termos de consumo. Se eles mudassem sua postura de consumo para longe das corporações, comprando, sim, alimentos dos pequenos produtores, eles ajudariam não apenas o agricultor familiar, mas também ajudariam a Terra e seus próprios corpos.
Recentemente o presidente da Nestlé afirmou que é necessário privatizar o fornecimento da água. Quais as consequências desse processo?
Tudo que é essencial à vida desde o começo da história, em todas as culturas, tem sido reconhecido como pertencente à sociedade. E isso inclui a semente, porque a semente é a base da comida, inclui a água porque água é vida. E são esses recursos que essas corporações gigantes querem enclausurar. Essas são as novas inclusões comerciais. Assim como na Inglaterra, eles enclausuraram a terra, e a tiraram dos camponeses para terem a revolução industrial.
Hoje, as corporações gigantes estão assumindo os bens comuns que são as sementes, a biodiversidade, a água. Quando a Nestlé diz que é necessário privatizar a água, eles estão, obviamente, pensando na necessidade de aumentar os lucros deles. Eles não estão pensando na necessidade dos aquíferos de serem sustentados e recarregados, porque corporações somente podem construir uma economia extrativa. Se eles privatizam a água, eles vão somente tirar a água para eles, o que significa que as comunidades locais são deixadas sem água. Então é um assalto.
As Nações Unidas têm de reconhecer que o direito à água é um direito humano. A Coca-Cola agora quer entrar no meu vale, um vale lindo no Himalaia, chamado Dune Valey. Em maio nós iniciamos uma campanha porque a privatização da água por essas empresas de engarrafamento significa, primeiro, que o direito universal à água é destruído. O aquífero, que pertence a todos, está agora engarrafado numa garrafa de 10 rupis que pode é acessível só aos ricos. Os pobres bebem apenas água contaminada.
A segunda coisa é que ela destrói água, e eu não sei por quanto tempo essa mineração poderá aguentar. A terceira é que ela polui. Sobram poucas fontes de águas puras, e, se eles realmente se importassem, deveriam limpar o pouco que sobra, ao invés de roubar o que resta limpo. Isto é roubo de água e, portanto, um crime contra a humanidade.
Essa dependência da Coca-Cola é um dos vícios da vida moderna. Nós temos muito mais bebidas saudáveis.
Na Índia, começamos uma campanha para as avós ensinassem aos seus netos as bebidas geladas que elas costumavam fazer. Somos um país tropical, sabemos como transformar qualquer fruta em uma bebida saborosa: um suco de manga crua, que é ótimo para prevenir insolação, uma mistura maravilhosa de sete grãos, que é como uma refeição completa e, se tomada no café da manhã, você não precisa de mais nada. As bebidas venenosas que são vendidas pela Nestlé e pela Coca-Cola roubam o nosso dinheiro, a nossa água e a nossa cultura.

Qual é a forma alternativa à globalização?
Originalmente, o livre comércio deveria reconhecer a liberdade de todas as espécies e por isso não destruiria nenhuma espécie nem ecossistema. Originalmente, o livre comércio reconheceria os direitos dos camponeses e dos povos indígenas e, por isso, não iria cortar as raízes. Reconheceria também os direitos dos pequenos agricultores familiares e iria cuidar para que existam preços justos, ao invés de tentar debilitar o preço por meio de dumping e jogando fora os produtos.
Um verdadeiro livre comércio seria a liberdade para as pessoas e não a liberdade para as corporações. O que nós temos agora é uma corporatização global com uma negligência total, uma destruição negligente e desatenta. O que precisamos é uma consciência livre que esteja profundamente ciente de nossa interconexão com outras espécies, outras culturas e com toda a humanidade. Temos que ser conscientes do dano que fazemos aos outros. Dessa forma, não vamos incrementar o tamanho de nossa pisada ecológica, mas vamos a reduzi-la.
E, na alimentação, a única forma em que você pode reduzir sua pisada é de mudar de agroindústria para agroecologia, mudar da distribuição global para distribuição local, mudar de um sistema violento, que depende do governo corporativo, para um sistema pacífico, que depende da comunidade e da solidariedade. No momento em que mudamos para isso, a pisada se reduz. Podemos ir do industrial e global para ecológico e local.
Como acelerar o processo de alinhamento entre os vários movimentos para um estilo de vida mais sustentável?
Agroecologistas, camponeses e agricultores familiares são, na minha opinião, os maiores, protetores do planeta. É o momento de os movimentos ecológicos perceberem que os verdadeiros ambientalistas são os agricultores, que realmente reconstroem o solo, que fazem o cultivo de uma forma que os besouros não sejam mortos, que protegem a água.
E o movimento pela saúde tem que perceber que os agricultores são os médicos, que fazer crescer comida saudável é a melhor contribuição que podemos fazer. No momento em que fazemos essas conexões, existe uma nova vida, porque a vida cresce por meio de inter-relações.